O Seminário Deep Tech Brasil: Construindo uma política pública de apoio às Deep Techs, iniciado às 10h da quinta-feira (08/05) na sede da Finep, reuniu mais de 285 participantes presenciais e 742 online para debater estratégias de fomento a startups baseadas em tecnologias disruptivas. O evento, organizado por um grupo de trabalho composto por Finep, BNDES, Sebrae, ApexBrasil e outras instituições, destacou a urgência de criar um marco regulatório e financeiro para empresas que unem ciência avançada, inovação radical e impacto global.
Programação e Participações Estratégicas
O seminário abriu com o painel “Raízes das Deep Techs”, que contou com a participação de Adriana Faria, Diretora Executiva do tecnoPARQ (parque tecnológico de Viçosa-MG), Presidente da Anaprotec e da IASP Latam. Adriana destacou a importância de ambientes de inovação para transformar pesquisa em negócios: “Deep techs nascem em laboratórios, mas precisam de ecossistemas robustos para escalar. Parques tecnológicos são pontes essenciais entre academia e mercado”. Ela também integrou o painel “Ecossistemas no Brasil”, que debateu a articulação entre universidades, empresas e governo.
A programação incluiu ainda os painéis “Financiamento às Deep Techs”, com debates sobre modelos de investimento de risco e subvenção, e “Internacionalização e Comercialização no Exterior”, que abordou estratégias para inserção global. Além de Adriana Faria, marcaram presença representantes do tecnoPARQ: Jucélia Lopes (Coordenação Geral), Luciana Soares (Agente de Open Innovation) e Angélica Patarroyo (Agente de Internacionalização), reforçando o papel do parque na promoção de startups de base tecnológica.
Ecossistema e Desafios das Deep Techs
Juan Rodrigo M. Ahumada, chefe de gabinete da Finep e um dos organizadores, ressaltou a importância de incluir os empreendedores na formulação de políticas públicas: “Não há nada mais moderno do que fazer com que as pessoas que são objeto das políticas participem de sua criação”. Bruno Quick, diretor do Sebrae, destacou a capilaridade da instituição, que promoveu eventos de inovação em 4.230 municípios em 2023, mas reforçou a necessidade de evitar duplicidade de esforços entre os atores do ecossistema.
Financiamento e Próximos Passos
José Luiz Gordon, diretor do BNDES, anunciou iniciativas como o fundo de R$ 250 milhões para deep techs em saúde, desenvolvido em parceria com o Instituto Butantan, e destacou o recorde de investimentos do banco em fármacos inovadores em 2024. Já Ana Pellegrino, da ApexBrasil, enfatizou a visão global necessária para escalar soluções brasileiras: “Deep techs tratam de problemas globais, como saúde e sustentabilidade, e precisamos atrair capital estrangeiro sem perder o foco no impacto local”.
Compromisso Coletivo
Ao final do evento, 18 instituições assinaram um protocolo de intenções para formalizar a coalizão em prol das deep techs, incluindo Finep, BNDES, Sebrae, ApexBrasil, Amprotec e Confap. O grupo se comprometeu a elaborar um roadmap com medidas como fundos setoriais, simplificação regulatória e programas de atração de talentos.
“O futuro chegou, e ele depende de transformarmos ciência em negócios globais. Esse seminário é só o começo”, concluiu Ahumada. As propostas debatidas serão consolidadas em um documento aberto à consulta pública nas próximas semanas.
Destaques do Evento
Investimentos: BNDES e Finep destinarão R$ 43,7 bilhões para inovação industrial em 2024-2025.
Meta: Lançamento de um fundo nacional para deep techs até o final de 2025, com participação de BNDES, Finep e iniciativa privada.
Desafios: Burocracia, falta de conexão entre academia e mercado e necessidade de mentoria em gestão para cientistas-empreendedores.
O seminário reforçou que, em um mundo em transformação acelerada, o Brasil não pode perder a onda das tecnologias profundas — sobretudo em áreas como saúde, energia limpa e bioeconomia. A tarefa, agora, é converter discursos em ação.