Durante esta semana, a diretora executiva do tecnoPARQ, Adriana Faria, participou da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), realizada em Brasília (DF), nos dias 30, 31 de julho e 1º de agosto. Este evento, que sucedeu mais de 200 conferências preparatórias realizadas de dezembro de 2023 até maio de 2024 em todo o território nacional, representa um marco essencial para a promoção do diálogo entre diversos atores da sociedade. A conferência abordou o papel crucial da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no desenvolvimento do Brasil e definiu suas diretrizes para os próximos anos.

As apresentações foram divididas em quatro eixos temáticos: Recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; Reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas; Ciência, tecnologia e inovação para programas e projetos estratégicos nacionais; e Ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social.

Adriana Faria contribuiu com sua apresentação no painel “Ecossistemas de inovação no Brasil: avaliação e perspectivas”, representando a Universidade Federal de Viçosa e a Anprotec, associação da qual é presidente. O painel contou também com a participação de Rodrigo Quites, diretor-presidente da Fundação Guamá e líder do Comitê Científico da Conferência Anprotec 2024, Raul Lima (USP) e Silvio Bitencourt da Silva (Tecnosinos – Unisinos). Maurício Guedes (UFRJ, SEDEICS – RJ e ex-presidente da Anprotec) atuou como relator do tema, e a coordenação da mesa ficou a cargo de Jorge Audy (PUCRS, IASP e ex-presidente da Anprotec).

Abrindo a discussão, Jorge Audy fez um resumo do conteúdo abordado nas reuniões preparatórias, realizadas no primeiro semestre deste ano, que trataram da relação dos ambientes de inovação com as instituições de pós-graduação. Audy destacou a dependência do financiamento público e a irregularidade dos recursos, citando a necessidade de um plano contínuo de investimento. Ele também celebrou a retomada das Conferências Nacionais de CT&I e a importância dos ambientes de inovação, enfatizando que “oito das dez maiores empresas do mundo nasceram ou passaram por ambientes de inovação”.

Adriana Faria, em sua fala, apresentou um panorama do cenário atual dos ambientes de inovação no Brasil, ressaltando sua importância e a interdependência entre os diversos atores do ecossistema de inovação. Ela destacou que “os ambientes promotores de inovação têm papéis e missões diferentes, que se complementam e formam aquilo que chamamos de ecossistema de inovação, mas a forma que eu apoio um parque tecnológico é diferente da forma que eu apoio uma incubadora de empresas”.

Adriana enfatizou que a inovação ocorre por meio de redes interativas. “Quando falamos em ecossistemas, é preciso ter em mente o significado do termo ecossistema, que remete a uma relação de interdependência. Os parques tecnológicos precisam das empresas graduadas pelas incubadoras, que possivelmente tenham crescido com o apoio de uma aceleradora. Em seu conjunto, os ambientes de inovação fornecem os recursos, a infraestrutura e o apoio necessário para que os atores do ecossistema possam colaborar e desenvolver seus projetos e empresas”, afirmou Adriana.

Por fim, ela ressaltou também a importância da educação como um fator fundamental para o desenvolvimento da inovação. Neste sentido, ela cita a tripla hélice como um modelo de integração entre diferentes atores com o objetivo de promover a inovação e o empreendedorismo. Segundo Adriana, é necessária uma política de educação de qualidade mundial para além de partidarismo e ideologias, com a inclusão de inovação e empreendedorismo junto ao sistema nacional de avaliação da educação superior. Ela também destacou a importância de priorizar áreas tecnológicas estratégicas, considerando desenvolvimento e equidade.

Rodrigo Quites abordou os desafios enfrentados pelos ambientes de inovação na Amazônia, ressaltando o potencial da região para contribuir com o desenvolvimento da inovação no Brasil, mas que é necessário explorar essas possibilidades respeitando os aspectos locais. “Na Amazônia, antes das startups, temos as comunidades e territórios que precisam de apoio de C,T&I. Proteger essas comunidades, apoiando e qualificando sua forma de sustento, é tão urgente quanto proteger as árvores”, provocou Quites.

Silvio Bitencourt tratou da legislação e normatização dos ambientes de inovação, destacando a importância das normas para a gestão da inovação e a necessidade de políticas orientadas a objetivos e com maior integração. “Necessitamos de políticas transformativas, que promovam mudanças significativas em áreas sociais, econômicas, ambientais e políticas. As áreas estratégicas definidas pela indústria precisam ser as mesmas da educação e a formação de pessoas”, afirmou Bitencourt.

Raul Lima, por sua vez, discutiu o papel das DeepTechs no ecossistema de inovação e no desenvolvimento de soluções para a sociedade. Destacando a necessidade de infraestrutura especializada e de uma governança que aproxime os atores da tripla hélice. “As DeepTechs precisam de infraestrutura especializada, com P&D rigorosos, longos períodos de investimento e laboratórios na fronteira das técnicas de medição. Um ambiente de inovação aberta com governança especializada que aproxime os atores da tripla hélice também é fundamental”, apontou.

Concluindo o painel, Maurício Guedes reforçou a importância da conexão entre as instituições e a necessidade de aproveitar a mão de obra especializada nas empresas. “Não podemos continuar acumulando mestres e doutores nas universidades, o concurso público não pode ser a única alternativa para essas pessoas. Precisamos dessa mão de obra especializada nas empresas, produzindo soluções para a sociedade. Por meio de redes e conexões, podemos conseguir melhores resultados”, concluiu Guedes.

A 5ª edição da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação abordou o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil justo, sustentável e desenvolvido”. 

O painel completo está disponível no link.